PARA APROVEITAR A JANELA RUSSA

O Rio Grande do Sul quer conquistar seu espaço na oportunidade criada com a abertura da Rússia ao leite em pó brasileiro. Otimista, o Ministério da Agricultura estima que, em até três anos, o Brasil possa atender a 50% da demanda de lácteos – anualmente, os russos importam 630 mil toneladas de leite em pó, equivalentes a US$ 1,2 bilhão em receita.

Foi durante viagem de comitiva brasileira a Moscou, nesta quarta-feira, que se anunciou o acordo – chamado de prelisting – pelo qual 11 indústrias brasileiras ficam autorizadas, neste momento, a entrar no mercado russo sem necessidade de fiscalização prévia.

Neste grupo podem estar pelo menos duas empresas gaúchas: a CCGL, de Cruz Alta, e a Cosuel, de Encantado. A lista, no entanto, não foi oficialmente confirmada pelo governo.

Outras 11 plantas aguardam a liberação.

– Estrategicamente, é muito importante. É um espaço que se cria. Agora, cabe a nós conseguir acessar esse mercado – entende Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS), que está na Rússia.

A abertura vinha sendo negociada desde fevereiro e é vista como uma chance de equilibrar a diferença existente no mercado interno brasileiro entre produção, que cresce 5% ao ano, e consumo per capita, com ritmo de avanço menor, de 3%. Segundo maior produtor nacional, com 4,8 bilhões de litros de leite ao ano, o Rio Grande do Sul tem interesse ainda maior em conquistar novos compradores, já que 60% da produção é destinada a outros mercados.

No ano passado, o descompasso de oferta e consumo, somado a outros fatores pontuais, como a falência e a recuperação judicial de empresas do setor, trouxeram crise que derrubou os preços do leite. Muitos produtores ainda amargam prejuízos por terem ficado sem receber pagamentos.

– Todo mercado novo que se abre é importante – reforça Gilberto Piccinini, presidente do conselho de administração da Cosuel e do Instituto Gaúcho do Leite (IGL).

Para poder chegar às prateleiras russas, o Brasil terá de dar uma contrapartida: concluir as análises para liberar as importações de pescado e trigo russo.