REFRESCO PARA O LEITE GAÚCHO
Políticos e representantes de entidades vão a Brasília para negociar medidas para conter efeitos da oferta elevada e consumo reduzido do produto no dia 09/02. E hoje, a resposta que Governo federal libera R$ 20 milhões para compra de produto gaúcho e catarinense.
COMITIVA FAZ PRESSÃO EM BRASÍLIA PARA DAR FIM À CRISE DO LEITE
          Brasília se transformará nesta terça-feira na capital do leite gaúcho. Comitiva numerosa – 23 pessoas, de políticos a representantes de entidades – vai até o coração do poder negociar medidas para conter a crise que se alastra no Rio Grande do Sul, atingindo mais de 20 mil famílias.
          Para reduzir estoques e diluir os efeitos nocivos trazidos pela combinação de oferta elevada e consumo reduzido, há uma lista de propostas a ser apresentada para os ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e da Agricultura e Conab.
A começar pela compra de 4 mil toneladas de leite em pó do estoque gaúcho – estimado em cerca de 12 mil toneladas, segundo o Sindilat-RS. E, dentro do possível, para aquisição de leite UHT.
          Mais ousado, o pedido para suspender por período de 90 a 120 dias as importações de leite em pó e derivados lácteos tenta barrar a entrada de produto estrangeiro. Ainda que o volume comprado pelo Brasil tenha caído em 2014, na comparação com 2013: foram 24,91 mil toneladas a menos.
          – A importação pressiona o preço do derivado para baixo no mercado interno – diz Ardêmio Heineck, diretor-executivo do Instituto Gaúcho do Leite.
           Há ainda a exportação à Rússia. O grupo quer agilidade na habilitação a três unidades – da Cosuel, Cosulati e CCGL. E como a ideia é mesmo colocar toda pressão à mesa, será retomado o pedido da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) – negado em 2014 – para a criação de linha emergencial de crédito para produtores que ficaram sem receber, afirma o deputado estadual Elton Weber (PSB), ex-presidente da entidade.
          Argumentos às reivindicações não faltam. Como o de que está sobrando mais leite do que o habitual. Ao menos 12 empresas faliram ou entraram em recuperação judicial. Como resultado, produtores ficaram sem ter para quem entregar e com pagamentos em aberto.
REFRESCO PARA O LEITE GAÚCHO
           Ainda não é o fim da crise, mas a perspectiva de compra imediata pelo governo federal do leite gaúcho em estoque é um primeiro passo importante para a retomada do equilíbrio no setor.
           A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem R$ 10 milhões para aquisição imediata de leite em pó do Rio Grande do Sul. Mais R$ 10 milhões servirão para comprar leite UHT gaúcho e catarinense. Indústrias podem se cadastrar a partir desta quarta-feira.
           Conforme o diretor-executivo do Instituto Gaúcho do Leite, Ardêmio Heineck, a quantia liberada permitirá negociar cerca de mil toneladas de leite em pó do RS, aliviando a pressão sobre o valor pago ao produtor. O estoque total de leite em pó no Estado é estimado em cerca de 12 mil toneladas.
           – Os R$ 20 milhões anunciados nos dão a garantia de escoamento imediato. Em curto prazo, resolve parte do problema – diz Cleonice Back coordenadora no Estado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul).
           Presidente licenciado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), o deputado estadual Elton Weber tem opinião parecida. Ele reforçou o pedido da entidade para criar linha de crédito emergencial aos produtores com valores por receber.
           Além dos valores liberados pela Conab, recursos de convênio entre Ministério do Desenvolvimento Social e Secretaria do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo para compra de alimentos poderão ser usados para o leite – são R$ 10 milhões já alocados em 2014 e outros R$ 10 milhões empenhados nesta terça.
           À tarde, um grupo de prefeitos pediu à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, rapidez na habilitação de três plantas gaúchas – da Cosuel, da Cosulati e da CCGL – para a exportar à Rússia. Kátia acionou a secretária de Relações Internacionais, Tatiana Lipovetskaia Palermo, que é russa, pedindo "para ontem" a liberação.
           Mais de 20 mil famílias de produtores gaúchos são afetadas pela crise do setor.
           O descompasso também não faz bem a quem consome o alimento.
           – Se vivemos só em função da crise, não podemos focar no consumidor – avalia Heineck.